O advogado Valdir Montanari dos Santos foi suspenso pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) após ameaçar um juiz, por ofício, durante um processo em Santos, no litoral de São Paulo. A decisão, válida por 90 dias, foi informada via correio na segunda-feira (19) a ele, que disse se sentir “estuprado” pela entidade e resolveu desistir da profissão.
“Farei de tudo para ‘melar’ sua maldita carreira de ‘magistrado'”; “De magistrado vossa excelência só tem a pretensão”; “Frederiquinho: sua batata está assando”. As frases foram escritas pelo advogado, ao pedir a extinção de uma ação de reintegração de posse ao juiz Frederico Messias, da 4ª Vara Cível. O Tribunal de Justiça, a Corregedoria e a OAB apuram o que ocorreu.
O caso ganhou repercussão no início deste mês. No documento, o defensor escreve que ele e a cliente “deram um jeito de ‘arrancar’ a ré [uma mulher que ocupava o apartamento da cliente] do domicílio da autora” e alega que o magistrado “deu mais importância à sua vaidade e para as diferenças” com o defensor, não se importando com os fatos.
Messias, então, apresentou uma denúncia contra Montanari para a OAB. Ele foi julgado pelo Tribunal de Ética e Disciplina (TED), que decidiu pela suspensão cautelar do advogado. Valdir diz não se arrepender do que escreveu. Há pelo menos 15 anos ele exerce a advocacia, mas também é físico nuclear e jornalista, há mais de 40 anos.
“Eu estou me sentindo estuprado. Eu não fui violentado, eu fui estuprado pelo Tribunal de Ética da OAB”, disse o advogado, em entrevista ao G1. Ele diz que vai recorrer da decisão, uma vez que “quem cala consente”. Apesar disso, afirma ter desistido de exercer a advocacia após o parecer dos colegas da ordem.
Saiba mais no G1