Uma carta psicografada reabriu um inquérito policial sobre a morte de um homem no Ceará. O filho da idosa Maria Lopes Farias estava desaparecido havia três anos. Após buscas em hospitais, delegacias e no Instituto Médico Legal (IML), foi o contato com a fé que ajudou a idosa a encontrar uma resposta.
Galdino Alves Bezerra Neto tinha 47 anos quando a mãe o viu pela última vez, em agosto de 2011. Ele morava na casa dela, mas costumava passar alguns dias longe de casa. Em seu último contato com a mãe, Galdino pediu dinheiro para ir a Canindé, cidade à qual costumava visitar.
No retorno, iria para uma vaquejada em Itapebussu, distrito de Maranguape, na Região Metropolitana. Ele nunca voltou. Desde então, a mãe iniciou uma jornada de buscas pelo filho. Foi a partir da relação com a doutrina espírita no Lar de Clara, em Caucaia, que Maria Clara recebeu uma carta psicografada do avô paterno do jovem, em outubro de 2014.
“O avô dele escreveu dizendo que eu deixasse de procurar ele em hospital, em IML e fosse em Canindé, mandasse celebrar uma missa, mas antes eu passasse na Lagoa do Juvenal”, conta a idosa, sobre a carta psicografada que indicava a existência de uma ossada no local.
A carta levou Maria até a cena do crime, em Maranguape. Chegando lá, ela soube que uma ossada havia sido encontrada de fato havia algum tempo.
“Fui direto à delegacia de Maranguape. Cheguei lá e perguntei que queria saber sobre umas ossadas que tinham aparecido. Eles me deram a requisição, eu fui ao IML, fiz o exame e deu positivo”, conta a mãe.
Na delegacia de Maranguape, o caso é investigado pelo inspetor Wellington Pereira, que se surpreendeu com a ajuda inusitada. “Com 32 anos de polícia, é a primeira vez que me deparo com essa colaboração justamente de uma carta psicografada para que a gente pudesse chegar a identificação de uma ossada humana“, ressaltou.
Segundo o inspetor, o inquérito foi reaberto para que se possa identificar o que aconteceu com o jovem. O desaparecimento do rapaz aconteceu em agosto de 2011. A ossada foi localizada em janeiro de 2013, mas não havia nenhum pista sobre sua identificação.
Somente em outubro de 2014, a carta psicografada para a mãe ajudou a dar norte ao caso. Após os exames de DNA, a polícia pôde iniciar as investigações sobre a morte.
Na última terça-feira (19), Maria Lopes voltou à delegacia de Maranguape para falar sobre as últimas lembranças que tem do filho e como era sua rotina. Apesar de a polícia ainda não saber como se deu o crime, uma segunda carta, enviada pelo próprio filho, pode novamente ajudar no esclarecimento do caso.
“A segunda carta já foi ele mesmo. O avô contou só o básico, porque ele não estava capaz de escrever. Ele disse que não tinha escrito há mais tempo, porque não queria me fazer sofrer”, conta a mãe. Na carta, ele conta que passava de ônibus próximo à Lagoa do Juvenal e foi atraído pelo local. No relato,ele teria sido vítima de latrocínio, roubo seguido de morte, e os criminosos teriam escondido o corpo.
Por Jéssica Welma / Tribuna do Ceará