A quadrilha é suspeita de fraudar pelo menos 60 concursos públicos em seis estados do Nordeste, desarticulada pela Polícia Civil da Paraíba no domingo (7), cobrava até R$ 150 mil para vender o “kit completo” de aprovação, informou o delegado de defraudações e falsificações de João Pessoa, Lucas Sá, nesta segunda-feira (8). O esquema foi desarticulado pela Operação Gabarito.
Os suspeitos fraudavam documentos para facilitar empréstimos para pagar a fraude, diplomas para ingresso no cargo e gabarito da prova. Segundo a polícia, 19 pessoas foram presas, entre elas dois irmãos em um condomínio de luxo, apontados como líderes do grupo e já aprovados em 29 concursos.
Segundo o delegado, para o esquema ser executado o grupo precisava que pelo menos dez candidatos do concurso comprassem o gabarito. “É cobrado, em média, o valor correspondente a 10 vezes o salário inicial do cargo pleiteado, de maneira que cada candidato interessado repassa a quantia de R$ 30 mil a R$ 150 mil para a organização criminosa”, explica Lucas Sá. O esquema captava “clientes” em redes sociais e cursinhos.
O delegado afirma que as fraudes começaram em 2005 e mais de 500 pessoas já foram beneficiadas com o esquema em concursos na Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí. “Tomando como base o menor valor informado até o momento, podemos concluir que, no mínimo, a organização consegue obter a quantia de R$ 300 mil por concurso, nos últimos 12 anos”, diz.
O esquema funcionava por meio de escutas e transmissões eletrônicas durante a aplicação das provas. Parte dos suspeitos ficavam na casa onde os líderes do grupo foram presos, em João Pessoa, e eram responsáveis por receber as informações das provas de outros integrantes do grupo que faziam as provas. “Eles repassavam as informações para os ‘professores’, que respondiam as questões e mandavam os gabaritos para os candidatos”, explica Lucas Sá.
Além dos suspeitos presos na capital paraibana, outros integrantes foram detidos no domingo no Rio Grande do Norte, durante a aplicação das provas do concurso público do Ministério Público do Rio Grande do Norte. De acordo com Lucas Sá, os suspeitos estavam com pontos eletrônicos no ouvido, que foram apreendidos durante a operação.
‘Kit completo’ de aprovação em concursos
De acordo com a polícia, há indícios de que a organização fraudava, além dos gabaritos, os documentos necessários para que os candidatos obtivessem empréstimos bancários para o pagamento da fraude e também os documentos exigidos para o ingresso nos cargos pleiteados, fornecendo uma espécie de “kit completo” de aprovação nos concursos.
“Diversos suspeitos ocupam atualmente cargos públicos em importantes instituições, além de ter acesso frequente a outros servidores, aprovados por meio da atuação da organização criminosa, motivo pelo qual conseguiam acesso à estrutura de poder de diversos órgãos públicos e instituições”, completa Lucas Sá.
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