Os policiais da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado prenderam por tempo indeterminado na manhã desta segunda-feira (21) quatro suspeitos de integrar uma organização criminosa que fraudava concursos públicos, na operação “Panoptes”.
A suspeita é de que eles recebiam dinheiro para “furar filas” nos exames nos últimos cinco anos. Há também 15 mandados de condução coercitiva (quando o alvo é levado a depor) e 7 de busca e apreensão.
Os mandados de prisão preventiva são contra Bruno de Castro Garcia Ortiz, Helio Garcia Ortiz, Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias. Helio e Bruno Ortiz, pai e filho, inclusive, foram presos em 2005 por fazer parte da “Máfia dos Concursos”, esquema criminoso descoberto há 11 anos, do qual Hélio era o chefe. O esquema é parecido com o descoberto na época pela Polícia Civil do DF.
Os mandados de condução coercitiva, expedidos pela Vara Criminal de Águas Claras, são contra pessoas que teriam comprado a vaga em algum concurso. Os demais mandados de busca e apreensão são nos endereços dos suspeitos, entre eles, o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), ligado à Universidade de Brasília (UnB).
Ao G1, o Cespe disse, em nota, que está “acompanhando a investigação e fornecendo todo o apoio necessário à investigação e é o maior interessado em esclarecer os fatos”.
De acordo com o delegado responsável pela operação, Adriano Valente, os candidatos pagavam de R$ 5 mil a R$ 10 mil antes da prova e mais 20 salários depois que eram aprovados nos concursos. A própria quadrilha procurava os candidatos em cursinhos preparatórios e faculdades do DF.
Entenda
As investigações começaram há três meses quando a Polícia Civil recebeu denúncias de possíveis fraudes no concurso do Corpo de Bombeiros do DF. A polícia conseguiu identitificar duas pessoas que tentaram burlar o exame, mas segundo o delegado Adriano Valente, a suspeita é de que as tentativas de fraude tenham ocorrido em todos os concursos dos últimos anos.
Foram identificadas quatro modalidades de falsificação. Em uma delas, o candidato usava um ponto eletrônico (espécie de fone de ouvido) para receber instruções sobre o gabarito. Em outra, o candidato deixava aparelhos celulares em pontos diferentes do local de prova, como o banheiro, para consultar as respostas.
Os agentes identificaram, ainda, o uso de identidades falsas para que uma pessoa se passasse por outra. A polícia também investiga a participação de integrantes das bancas examinadoras na organização criminosa.
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