Foram 15 anos amadurecendo a ideia de retomar a vida acadêmica. Até que agora, aos 85 anos, e inspirado na experiência bem sucedida de um amigo da mesma faixa etária, o agrônomo aposentado Luiz Alberto Ibarra tomou coragem e iniciou a graduação em direito na Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), em Porto Alegre.
Direito era uma pendência antiga. Sonhava com a carreira desde a década de 1940, quando a vida o levou das ciências humanas para as exatas – fez amizade com um grupo de estudantes de agronomia e seguiu por esse caminho. Aos 24 anos, trabalhou no extinto “Diário de Notícias” e de lá foi para a área de comunicações da Emater. “Gostava muito do que fazia, levando informações úteis para as comunidades rurais. Mas aí me aposentaram, em 2000. Foi um golpe tremendo. Entrei em depressão.”
Receoso em prestar vestibular, diz que pensava: “Nessa idade, será que a gurizada vai me aceitar?” Mas a família foi só incentivo. E ele seguiu em frente. Nas primeiras aulas, diz que se sentia o vovô da turma. “Eu era uma ilha cercada de jovens por todos os lados”, lembra. Hoje, se diz entrosado com todos. Aproximou-se dos colegas mais velhos, na faixa dos 50 anos, e descobriu um jornalista, com quem afirma ter “bastante assunto”.
Luiz acredita que rejuvenesceu e orgulha-se de ter contribuído em desmitificar a educação na terceira idade. “O cérebro desenferruja, redesperta a atividade intelectual”, pontua. Mas diz que se desdobra para dar conta de tanta carga teórica. Se concluir todas as disciplinas no período previsto, ele se tornará bacharel aos 90 anos. Mas não tem pressa em fazer planos. Pontos para a maturidade.
Fonte: Catraca Livre