O governo do Rio Grande do Sul avalia o uso de contêineres para acomodar presos, com o objetivo de evitar a superlotação em celas de delegacias em Porto Alegre e na Região Metropolitana. O secretário da Segurança, Cesar Schirmer, disse nesta segunda-feira (7) que o problema deve ser resolvido até a próxima semana, e chegou a cogitar outra medida: manter detidos em um navio, como aconteceu em Nova York anos atrás.
“Não tinha lugar nas cadeias, [o então prefeito] atracou o navio no porto em Nova York e transformou o navio em uma prisão. Por que não examinar essa possibilidade também?”, indaga o secretário, como mostra o RBS Notícias (veja no vídeo acima).
Entretanto, a tendência é que o governo use contêineres para tentar atenuar o problema. “É o contêiner tradicional, tem dois tamanhos que estamos examinando. Cabe de quatro a seis presos em cada um, com todas as condições”, diz o secretário, destacando que a medida seria temporária. “É a solução adequada, provisória, emergencial para um problema desumano.”
Uma mulher que foi visitar um parente na delegacia nesta segunda diz ter se surpreendido com o que viu. “Tem um monte na cela com ele. Eles estão dormindo no chão”, disse. “Tudo apertado, uma cela muito pequena”, prosseguiu.
No final de semana, como já havia acontecido na região, alguns suspeitos ficaram detidos dentro de carros da Brigada Militar em frente a uma delegacia em Canoas. Na mesma cidade, suspeitos que estavam detidos na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento atearam fogo em celas. As chamas foram controladas rapidamente, mas o incidente revoltou outros presos que não participaram da ação e acabaram inalando a fumaça.
Uma policial que passou mal após inalar a fumaça e foi levado ao hospital, onde já passava bem ainda durante a noite. Após o incidente, cinco detentos foram removidos ao presídio de Montenegro e outros dois foram encaminhados para o Presídio Central.
O diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, Fábio Motta Lopes, informou que a investigação já está sofrendo as consequências da situação. “Esse é um problema bastante grave, porque faz com a gente retire os policiais dos trabalhos de investigação, operações policiais estão sendo suspensas, em razão dessa necessidade de deslocamento de policiais”, afirma.
Além disso, Lopes acredita que o desgaste causado pelo problema esteja prejudicando a saúde dos agentes. “Nosso pessoal, os policiais civis, estão adoecendo. Em Porto Alegre, só para dar um dado estatístico, em torno de 30% dos policiais que trabalham nessas delegacias que recebem presos já estão tomando medicamentos pra dormir”, afirma.
Fonte: G1 RS